Psychobilly - Por Onde Começar
O psychobilly esta sempre se desenvolvendo, as cenas locais sempre crescendo e trazendo novas pessoas, por isso vamos fazer um texto mais despretensioso e simples direcionado para este pessoal que esta chegando neste maravilhoso estilo de vida (se você é truezão, aguarde sua vez que eu já falo com você, rsrs)
24/01/2016 11:16

Em
clima de Psychocarnival, festival que recebe psychos e não-psychos de
todo o Brasil, vamos tentar ajudar aqueles que estão chegando agora para
se juntar a nós explicando um pouquinho por onde começar... e para
começar do começo, precisamos entender de onde vem essa doideira:
Uma forma mais simplificada de dizer é que este gênero é a junção do punk com o rockabilly, portanto as influencias do estilo vem bem de lá de longe, agregando todo o rockabilly e passando pelas bandas de garagem dos 60's, Hasil Adkins, Chuck Berry, Johnny Burnette, Johnny Cash, Dick Dale, Little Richard, MC5, The Ventures, Screamin' Jay Hawkins... tudo isso e mais um pouco somado ao punk setentista.
Diz a
lenda que a primeira vez que se tem noticia do uso do termo
"psychobilly" foi em 1976 na parte falada da música “One Piece At A
Time,” do Johnny Cash. Esta musica contava a historia de um funcionário
da GM que ia roubando peça por peça da fabrica para montar o seu
"cadillac psycho-billy":
Ugh! Yow, RED RYDER
This is the COTTON MOUTH
In the PSYCHO-BILLY CADILLAC Come on
(letra completa: http://www.azlyrics.com/lyrics/johnnycash/onepieceatatime.html )
Mas
neste caso o sentido da palavra era outro, o termo Psychobilly como gênero musical nasceu com a banda The Cramps, que em seus primórdios
usavam esta palavra (entre outras como "rockabilly voodoo") em seus
cartazes de shows para chamar a atenção do publico.
O
The Cramps foi definitivamente o pontapé inicial no estilo, banda
formada em 1976 pelo casal Lux Interior e Poison Ivy que exerce grande
influencia no psychobilly ate hoje tanto na musica quanto visual,
atitude e performance.
Lux
e Ivy eram aficionados colecionadores de rockabilly mas viviam numa
época de ouro do punk rock, isto foi crucial para criar aquele estilo
único que eles tinham totalmente diferente das outras bandas da época. A
ideia de tocar um rockabilly mais rápido, barulhento e psicótico com
letras bem humoradas falando sobre historias de horror e sci-fi, de
filmes trash e sexo pervertido acabou dando muito certo.
O
primeiro disco do Cramps, o EP Gravest Hits foi gravado em 1979 e já
contem todas as características do grupo, mostrando a junção perfeita
como café com leite de punk com rockabilly (falaremos sobre ele outro
dia).
Com
o tempo este estilo musical (assim como todos os outros) vem se
alterando e se reinventando, variando desde bandas mais leves,
influenciadas pelo rockabilly (como o Ricochets) ate bandas mais pesadas
(como o Mad Mongols).
Por esse motivo, o The Cramps nunca se
identificou como uma banda de psychobilly, sempre afirmando que este
termo não tem nada a ver com a definição da musica que eles faziam.
Em certa ocasião Poison Ivy respondeu em uma entrevista:
"I
think psychobilly has evolved into a gamut of things... It seems to
involve upright bass and playing songs extremely fast. That's certainly
not what we do." tradução
livre: "Eu acho que psychobilly evoluiu para uma gama de coisas ...
Parece envolver rabecão e tocar músicas extremamente rápido. Isso
certamente não é o que fazemos"
Musicas
barulhentas e aceleradas, letras debochadas e bem sacadas, show enérgico
e performático, visual meio steampunk... todas essas características
bem presentes neste gênero que tanto amamos nos revelaram o Cramps como
os primeiros psychobillys (eles querendo ou não)
mas...
como
eles desprezaram este filho bastardo, passamos para aquela banda que não
só se orgulha de ter dado oficialmente inicio ao estilo como também faz
questão ser reconhecida como a única que toca o verdadeiro e puro
psychobilly: The Meteors!
Enquanto
nas metrópoles americanas o punk rock fervia, do outro lado do oceano
havia uma cena de revival do rockabilly com excelentes bandas como Stray
Cats, The Polecats, Restless, Crazy Cavan, The Jets entre muitos
outros. Foi neste clima que o menino P. Paul Fenech criou a banda The
Meteors.
A ideia foi quase que a mesma dos Cramps, mas
enquanto o Cramps tocava o rockabilly de uma forma mais agressiva e
garageira, o Meteors tocava um punk encharcado de rockabilly.
O
disco de estreia da banda, In Heaven, de 1981 foi o primeiro álbum de
psychobilly propriamente dito, com todas as características do gênero
que usamos até hoje. Musicas como "Maniac" e "The Crazed" são ótimos
exemplos de como essa ideia de misturar o punk com o rockabilly tomou um
peso e característica diferente. Essas musicas, com seu andamento
rápido, sonoridade distinta e temas falando sobre loucura, filme B e
perversão, poderiam ate ter sido feitas nos dias de hoje pois anda soam
atuais.
É
indicado dar uma olhada no disco inteiro, pois foi aqui que tudo realmente
começou e é por isso que estamos aqui agora, este álbum é uma das
melhores referencias para quem esta chegando no psychobilly.
Mas
claro que não se resume só a isso, bandas como: Reverend Horton Heat,
Klingonz, Demented are Go, The Quakes, Mad Sin, Batmobile, Los Gatos
Locos, Skitzo, Torment, Guanabatz, Frantic Flintstones, Frenzy e
Nekromantix (citando algumas poucas) constituem nossa discoteca básica e
indispensável.
Hoje em dia o psychobilly esta bem mais
agressivo e mais "billy", diria até que no momento atual seria algo
como a junção de Stray Cats com Motorhead e se o psychobilly fosse uma
pessoa, provavelmente seria o Reverend Horton Heat (lembrando que este
texto é sobre musica não sobre moda)
Para
finalizar, a melhor forma de se iniciar em qualquer estilo musical,
principalmente no psychobilly é através das coletâneas, onde podemos ter
contato tanto com as bandas boas e as ruins, as leves e as pesadas, as
nacionais e gringas e assim formarmos o nosso gosto musical.
Stomping
At The Klub Foot, Rockabilly Psychosis And The Garage Disease, Gods of
Psychobilly, The Best of Fury Psychobilly e Psycho Attack Over Europe são bons exemplos coletâneas gringas. No Brasil temos a Psychorrendo com
nossas bandas nacionais pioneiras e a Psycozidos com bandas da nova
geração.
Quanto ao psychobilly aqui no Brasil vai ficar
para outras conversas (este site é justamente pra isso) mas a melhor
forma de começar é pelo livro do Marcio Tadeu - Terapia com Sequela,
lançado o ano passado e também com o vídeo abaixo, o documentário Psycho
Attack Brasil de 2007.
PS: Sem indicação de álbuns clássicos aqui, estamos na era da internet e no YouTube tem quase tudo, pesquise
!

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